São considerados pacientes terminais aqueles que sofrem de
uma enfermidade incurável e com prognóstico fechado, assim como os que estão em
processo irreversível de morte. A morte é uma certeza indeterminada, pessoal e
intransferível que tem uma dimensão biológica, psicológica, filosófica,
espiritual e religiosa, além da social e econômica. Em suma, a morte faz parte
da vida.
Todos os conhecimentos técnicos científicos são destinados a
preservar a vida e recuperar a saúde. A tecnologia atual opera verdadeiros
milagres de recuperação de pacientes em estado crítico ou, até mesmo, em estado
terminal. Mas, pacientes terminais sempre confrontarão a presença inoportuna do
sofrimento, que a todos amedronta. O sofrimento infunde medo, reflete fragilidade,
vulnerabilidade, mortalidade e limitação do ser humano.
O profissional que lida com este paciente também enfrenta o
medo e o faz lembrar a própria morte, o que pode levá-lo a fazer “visitas mais
rápidas” e não permitir uma conversação que possa favorecer perguntas embaraçosas,
como “eu vou morrer?” ou afirmações do tipo “eu tenho medo de morrer, fique
comigo!”. A dificuldade sentida pelos
profissionais é: O que dizer? Como dizer e quando dizer? Muitos não consideram
que conversar com o paciente possa ser importante, limitando-se a administrar o
tratamento prescrito, para minimizar a dor física. Mas, o paciente terminal morre
só, desamparado, solitário.
A responsabilidade dos profissionais de enfermagem é mitigar
o sofrimento, aliviar a dor e fazer com que o paciente se sinta o melhor
possível, ajudando-o a morrer em paz. É importante “tocar”, segurar a mão,
transmitindo não medo, mas amor e confiança e, quem sabe, falando não mentiras,
como “você vai sair dessa”, mas palavras de conforto e, principalmente,
respeitando a sua religiosidade.
Para os familiares, é difícil o processo de ajustamento
frente à morte iminente de um ente querido, até chegar a aceitação. A atitude
mais comum é de descrença, de negação, de choque, seguida de desespero, até
mesmo com sentimento de culpa. O importante é mostrar-se disponível para
esclarecer dúvidas e manter atitude de compreensão ante a angústia e, até
mesmo, negação da realidade.
Um exemplo final citado por Pessini, sobre uma estudante de
enfermagem, paciente terminal, dirigindo-se ao pessoal de enfermagem: “Vocês
entram e saem do meu quarto, dão-me medicação, checam minha pressão. Será
porque sou estudante de enfermagem? ou simplesmente um ser humano que percebe
seu medo? E o medo de vocês aumenta o meu.” "Não fujam... Esperem.” “Tudo o que
eu gostaria é de ter a certeza de que haverá alguém para segurar minha mão
quando eu precisar. Estou com medo! A morte pode ser rotina para vocês, mas é
novidade para mim. Vocês podem não me ver como única. Mas, eu nunca morri antes.”
“Se ao menos pudéssemos ser honestos, aceitar nossos temores. Tocar-nos. Se
vocês realmente se importassem, perderiam muito de seu profissionalismo se
chorassem comigo? Como pessoa?”
“Então, talvez não fosse tão difícil morrer... num
hospital... com amigos por perto.”
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
OGUISSO, T; SCHMIDT, M.J. O exercício da enfermagem: uma abordagem ético-legal. 2.ed. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 297p.
OGUISSO, T; SCHMIDT, M.J. O exercício da enfermagem: uma abordagem ético-legal. 2.ed. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 297p.
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